O desinvestimento a que tem sido votada a
linha de Cascais, ao longo das duas últimas décadas, está agora a fazer sentir
os seus efeitos, provocando problemas contínuos no material circulante, com uma
imobilização superior ao normal, o que não permite a garantia da oferta
programada.
Essa foi a razão central da medida de
reduzir a oferta na linha de Cascais, desde o passado dia 18, tal como tinha
acontecido já antes com a supressão dos comboios de S. Pedro e, que não será a
última medida caso persista a política de abandono desta linha.
Apesar da redução do número de comboios,
continuámos a assistir à supressão doutros nas horas de ponta, altura em que,
normalmente, ocorrem o maior número de avarias.
Lembramos que na altura de renovação do
material circulante, optou-se por fazer a “modernização” dos comboios antigos
que existiam na linha, dando-lhe uma “cara nova” mas mantendo o “esqueleto
velho”
A situação não é mais grave porque a
capacidade técnica e empenho dos trabalhadores da EMEF, tem conseguido reduzir
os impactos negativos da falta de investimento na infraestrutura e material
circulante da linha de Cascais, mas estes trabalhadores não fazem milagres,
quando a empresa é sujeita a constrangimentos imposto pelo governo que
dificultam a sua atividade. É a EMEF que garante a qualidade e segurança do
material circulante e esta é uma das empresas que o governo quer privatizar, o
que contribuirá para agravar a situação.
O que se passa na linha de Cascais é
apenas uma parte do problema mais geral, em que o desinvestimento está a
conduzir à degradação do serviço prestado, como é o caso da linha do Sado.
Os responsáveis por esta situação são os
sucessivos governantes que têm conduzido uma política de destruição do sector
público de transportes, com o objetivo de o privatizar pelo mais baixo preço.
Este não é um problema de falta de
dinheiro, mas sim de opções, porque o governo tem privilegiado os negócios
"swaps", que já absorveram mais dinheiro do que o necessário para
fazer a renovação do material circulante na linha de Cascais.
Esta situação é mais um incentivo à
utilização do transporte individual, para quem pode recorrer a essa
alternativa. Por outro lado, quem não tem essa alternativa não lhe é garantido
o seu direito à mobilidade em condições aceitáveis.
É inaceitável que aos utentes seja
exigido o pagamento de tarifas elevadas e simultaneamente sejam obrigados a
reprogramar as suas deslocações, devido ao desleixo a que a Linha de Cascais
tem sido votada durante dezenas de anos.
O Movimento de Utentes dos Serviços
Públicos solidariza-se com os Utentes da Linha de Cascais e exige que seja
reposto o serviço a que têm direito e que responda ás suas necessidades.
Movimento de Utentes dos Serviços
Públicos – MUSP
Lisboa, 20 de janeiro de 2015