11º Encontro Nacional das Comissões e Associações de Utentes dos Serviços Públicos
Realizou-se
no dia 16 de Novembro, em Lisboa, o 11º Encontro das Comissões e Associações de
Utentes dos Serviços Públicos com a participação de 30 organizações representadas
por 47 elementos.
O
11º Encontro contou com cerca de 30 intervenções onde cada uma das entidades
presentes colocou os problemas com que as populações são confrontadas no acesso
aos serviços públicos, nomeadamente na área da saúde, transportes, mobilidade e
acessibilidades, comunicações e telecomunicações, educação, segurança social,
justiça, abastecimento de água e saneamento, finanças.
Como
se não bastasse a brutal ofensivo contra os rendimentos dos portugueses -
redução de salários e pensões, aumento brutal de impostos, principalmente para
quem tem rendimentos do trabalho – ainda se assiste a um aumento das
dificuldades de acesso aos serviços públicos através de encerramento de
serviços de proximidade e com aumento de taxas para a sua utilização.
É
o resultado da submissão aos interesses dos grandes grupos económicos e
financeiros nacionais e estrangeiros, inscritos no Memorando de Entendimento
com a troika estrangeira subscrito por PS, PSD e CDS, aplicado e agravado pelo
atual governo.
Os
cortes previstos no OE 2014 no financiamento dos serviços públicos e nos
rendimentos dos trabalhadores e pensionistas, demonstram a opção clara do
governo em agravar as já muito difíceis condições de vida do povo.
Por isso o compromisso de
prosseguir e reforçar a luta por mais e melhores serviços públicos como é
salientado na Resolução e nas moções aprovadas (Proposta de Orçamento do Estado para o ano
de 2014 e Contra a destruição dos Serviços públicos).
Foi
ainda aprovada a lista de 19 membros para formarem a nova direção para os
próximos dois anos.
Resolução
POR SERVIÇOS PÚBLICOS DE PROXIMIDADE E DE
QUALIDADE!
MOBILIZAR AS POPULAÇÕES, ORGANIZAR OS UTENTES
Cresce, cada vez
mais, a consciência por parte das populações, utentes e trabalhadores, das
implicações negativas para as suas vidas, causadas pela destruição dos serviços
públicos e das funções sociais do Estado.
Os sucessivos
Governos, com especial destaque para o atual, têm em comum a violação dos
direitos sociais consagrados na Constituição da República Portuguesa e do
modelo do Estado construído com a Revolução de Abril.
A liberalização e a
desregulamentação conducentes à privatização dos serviços públicos, como bens
essenciais e fundamentais para a qualidade de vida do povo e para o
desenvolvimento equilibrado do território nacional, são as razões para o
deficiente funcionamento, degradação e até extinção de diversos e fundamentais
serviços.
Com efeito, a
submissão aos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros, nacionais
e estrangeiros, inscritos no chamado Memorando de Entendimento com a troika
estrangeira, subscrito por PS, PSD e CDS, aplicado e agravado pelo atual
governo, está a conduzir a um agravamento das condições de vida dos
portugueses, a uma nova e brutal ofensiva contra os seus rendimentos, também,
pela intensidade dos ataques contra, designadamente, o Serviço Nacional de
Saúde, a Escola e Ensinos Públicos, os Correios e Telecomunicações, o sistema
público de Segurança Social, Água e Saneamento, Justiça, Transportes e outros.
A extinção de Juntas
de Freguesia, e com elas o fim de serviços de proximidade, insere-se na chamada
reforma do Estado, cujo objetivo central é diminuir e encerrar serviços da
Administração Pública essenciais para o desenvolvimento equilibrado das regiões
e economia locais, com consequências para as populações, os trabalhadores e
suas famílias.
Os cortes
substanciais das verbas para o financiamento dos serviços públicos em sede de
O.E para 2014 demonstram claramente a opção do governo em agravar as já muito
difíceis condições de vida do povo.
Aprofunda-se
a descaracterização e destruição de componentes essenciais do regime democrático.
Nos últimos dois anos continuámos a luta na
defesa de serviços públicos de proximidade e qualidade.
A organização dos utentes em conjunto com as
populações e com alguns dos seus representantes na AR, as autarquias e de
outras organizações sociais, tem conseguido resolver casos pontuais e retardar
a aplicação de medidas penalizadoras das condições de vida das populações. Foi
um tempo de afirmação e de resistência embora com desenvolvimento irregular ao
longo do todo nacional. Muitas ações e protestos das populações contaram com a
iniciativa, a presença e opinião do MUSP e das suas estruturas
descentralizadas.
É neste contexto sociopolítico
gravíssimo que as Comissões de Utentes dos Serviços Públicos realizam o seu
11º. Encontro Nacional seguramente para continuarem a lutar para a derrota
destas políticas e defender um conjunto de reivindicações que respeitem os
direitos das populações, conjuntamente com outras estruturas e/ou entidades e
utilizando todas as formas de luta definidas constitucionalmente.
Carta Reivindicativa
Exigência
do respeito do cumprimento da Constituição da República Portuguesa.
Defesa
da gestão pública, com eficiência e eficácia, na prestação de serviços públicos.
Fim
das PPP (Parcerias Público Privadas).
Implementação
dos meios digitais nos serviços públicos, mas salvaguardando sempre a sua
humanização e as populações infoexcluídas, tendo sempre presente a
indispensável privacidade dos dados.
Financiamento
adequado às necessidades operacionais com o objetivo de garantir serviços
públicos de acesso universal, de proximidade e qualidade.
SAÚDE
Defesa
do Serviço Nacional de Saúde, conforme os preceitos constitucionais.
Fim
da privatização dos serviços de saúde.
Abolição
das Taxas Moderadoras.
Questionar
a forma de organização das Unidades de Saúde Familiares e rejeitar o seu modelo
C.
Utilização
preferencial da capacidade instalada nas unidades públicas de MCDT,
salvaguardando as especificidades geográficas e a proximidade e acesso aos
serviços.
Rejeição
da promiscuidade público privado nas unidades públicas.
Articulação
entre os diversos níveis de prestação de cuidados de saúde, acentuando o
primado dos cuidados de saúde pública e cuidados de saúde primários, condição
indispensável para pôr cobro à atual sobrecarga dos serviços de urgência
hospitalares, reforço da rede de cuidados continuados e paliativos.
Médico
e enfermeiro de família para todos os utentes.
Incremento
da prescrição de medicamentos genéricos realmente equivalentes e efetivamente
controlados pelo INFARMED e salvaguarda da rede de farmácias no serviço de
proximidade.
Reforço
da organização dos meios de emergência médica.
Revogação
da portaria que retira o transporte aos doentes.
MOBILIDADE, TRANSPORTES E ACESSIBILIDADES
Defesa
e melhoria do serviço público de transportes.
Não
à concessão / privatização dos transportes públicos.
Defesa
do passe social intermodal e o seu alargamento a outras zonas do país e a todos
os operadores.
Exigir
o alargamento das atuais coroas.
Exigir
melhor articulação e coordenação entre os vários meios de transporte e
operadores.
Abolição
das portagens.
Exigir
que as despesas com transporte público sejam dedutíveis em sede de I.R.S.
Manutenção
das condições de segurança das vias rodoviárias, com realce para a melhoria dos
pavimentos e sinalização vertical e horizontal.
Defesa
da manutenção das condições de segurança do material circulante e das
infraestruturas de apoio.
OUTROS SECTORES
Não
à privatização das empresas públicas de águas, tratamento dos resíduos sólidos,
saneamento, dos C.T.T. e de outras do sector público e empresarial do Estado.
Não
ao encerramento de serviços públicos (finanças – centros de emprego – centros
de saúde e outros).
Defesa
da Escola Pública, gratuita de qualidade para todos.
Defesa
das funções sociais do estado e da organização administrativa eficiente nos
serviços de segurança social.
Não
aos aumentos dos custos de serviços de primeira necessidade.
Defesa
do direito à justiça exigindo a manutenção dos atuais tribunais e valências e
redução dos valores das custas judiciais.
Defesa
do serviço público de rádio e televisão.
Não
às taxas para a utilização dos serviços financeiros e redução dos custos das
comissões bancárias.
Exigir
a isenção e independência da Comunicação Social.
Abolição
das taxas de rádio e televisão que são cobradas na fatura da eletricidade aos
consumidores domésticos.
Exigir
a eficiente cobertura de todas as localidades pelo serviço de telecomunicações
(T.D.T.) serviço fixo e móvel.
Defesa
e acesso ao software livre e acesso público a meios digitais.
Moção
Proposta de Orçamento do Estado para
o ano de 2014
Lisboa, 16 de Novembro de 2013
Foi recentemente
apresentado pelo Governo PSD/CDS/PP em sede da Assembleia da República e votada
favoravelmente na generalidade exclusivamente pelos partidos que o suportam a
proposta de Orçamento do Estado para o ano de 2014.
O conjunto das propostas
inscritas na mesma reforçam e aprofundam as desigualdades sociais, o
empobrecimento do povo e do país, a destruição dos serviços públicos e a
aniquilação das funções sociais do Estado, numa clara opção ideológica e
política do governo em benefício evidente dos grandes grupos económicos
nacionais e internacionais e em clara capitulação às exigências e objetivos da
troika (BCE/FMI/CE).
Considerando a sua
gravidade e manifestando as mesmas preocupações que a maioria dos portugueses
têm manifestado sobre as referidas propostas, as comissões e associações de
utentes dos serviços públicos reunidas no seu 11º Encontro Nacional, na cidade
de Lisboa deliberam;
1º
Rejeitar liminarmente
a proposta do O.E. para o ano de 2014.
2º Exigir uma outra proposta de O.E.
para o ano de 2014 que considere propostas e medidas que defendam os direitos
sociais e laborais dos utentes, populações e trabalhadores e a melhoria da
qualidade e funcionamento dos serviços públicos.
Moção
Contra a destruição dos Serviços
públicos
Lisboa, 16 de Novembro de 2013
O governo continua
empenhado e apostado em promover a destruição dos serviços públicos para os entregar
de forma escandalosa aos grandes grupos económicos nacionais e internacionais.
É do conhecimento
público que o Governo mantem como intenção objetiva a reorganização
administrativa do Território através da extinção de Concelhos, a
privatização/concessão dos serviços de saúde, transportes públicos, água,
correios, segurança social e escola pública objetivos e intenções aprofundados
na proposta de guião para a reforma do estado.
Esta opção do governo
pela privatização destes importantes e estratégicos sectores de atividade
assumem uma gravidade de enormes proporções para os utentes, trabalhadores e
populações, para o país e para a própria economia nacional, em benefício claro
dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros.
Considerando quer a
importância estratégica quer a importância económica e social que os sectores e
serviços em causa assumem e representam para o País e para as populações e
trabalhadores as comissões e associações de utentes dos serviços públicos
reunidas no seu 11º Encontro Nacional realizado em Lisboa, decidem;
1º
Manifestarem-se
contra a privatização dos referidos serviços.
2º
Manifestarem o seu
total apoio e solidariedade a todas as ações e iniciativas que tenham como objetivo
a defesa destes serviços, a melhoria da sua qualidade e dos direitos sociais e
laborais.
Relação das Comissões de Utentes
que estiveram presentes no seu 11º
Encontro Nacional
. Comissão de Utentes do
concelho de Benavente
. Comissão de Utentes da
Saúde de Ourém
. Comissão de Utentes da
Saúde do Seixal
. Comissão de Utentes de St
André
. Associação da Caminhada da
Saúde de St André
. Comissão de Utentes do Alto
Seixalinho
. Comissão de Utentes do
Hospital de Salreu/Estarreja
. Comissão de Utentes da
Linha da Azambuja
. Comissão de Utentes de Vale
de Cambra
. MUSP de Ferreira do
Alentejo
. MUSP de Rio Maior
. Comissões de Utentes do
concelho de Setúbal
. Comissão de Utentes da A23
. Comissão de Utentes do
concelho de Almeirim
. Comissão de Saúde do Médio
Tejo
. Comissão dos Serviços
Públicos do Couço
. MUSP Santarém
. Grupo de Utentes dos Transportes
Públicos do Porto
. Núcleo da Associação Água
Pública de Odivelas
. Comissão de Utentes dos
Transportes da Margem Sul
. Comissão de Utentes da
Saúde de Almada
. Comissão de Utentes da
Saúde de Corroios
. Serviços Públicos da Saúde
de Coimbra
. Comissão de Utentes do
Hospital dos Covões de Coimbra
. Comissão de Utentes da
Saúde de Vialonga
. Comissão de Utentes Contra
as Portagens A25 e A24
. Comissão de Utentes da
Saúde de Rio Maior
. Comissão de Utentes da
Saúde da Amora
. Comissão de Utentes dos Transportes
Públicos de Odivelas
. Comissão de Utentes dos
Serviços Públicos do Distrito de Viseu