O governo empenhado como está em
promover e garantir os interesses e objetivos do capital nacional e
internacional, apresta-se para lhes entregar um conjunto significativo de
empresas públicas de transportes nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto,
com o apoio de ambas as Câmaras Municipais.
Tal intenção do governo, a par de
um conjunto de outras já decididas e concretizadas, assume-se, na opinião do
Movimento de Utentes dos Serviços Públicos “MUSP”, como mais um ajuste de
contas com uma importante conquista alcançada com a Revolução de Abril, pondo
também em causa os seus próprios objetivos.
Considerando exemplos de
privatizações já concretizadas de importantes e estratégicas empresas das
diversas áreas de atividades, inclusive nos transportes públicos, não temos
qualquer tipo de dúvidas que também, nesta situação, caso viesse a
concretizar-se, os grandes beneficiários seriam os grupos económicos, com os
incómodos e prejuízos de vária ordem (Aumentos dos títulos de transportes;
supressão e encurtamento de carreiras; redução da oferta de transporte; maior isolamento
das populações; degradação da qualidade dos serviços) a recaírem sobre as
populações e trabalhadores, para além da própria economia nacional.
Lamentavelmente e em conformidade
com o que é seu costume, o governo toma decisões de grande importância, quer
estratégicas, quer económicas, para as populações, trabalhadores, regiões e
país, sem qualquer tipo de contacto ou auscultação às Comissões de Utentes,
organizações representativas dos trabalhadores e das próprias autarquias
locais, numa demonstração clara e evidente de que o que importa e conta, neste
como em outros processos idênticos, são os interesses e objetivos do capital
privado e não os direitos dos utentes e trabalhadores e o interesse nacional.
Pela gravidade que a situação em
causa representa para os utentes e trabalhadores e para o projeto de Abril, o
Movimento de Utentes dos Serviços Públicos MUSP permite-se exortar e apelar às
populações, utentes, trabalhadores e suas organizações representativas para
promoverem iniciativas e ações que tenham como objetivo o impedimento de ser
concretizada a destruição de mais uma importante conquista de Abril.
Lisboa, 1 de agosto de 2014
Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP)