Relativamente
à situação na zona do Porto e concelhos limítrofes, ela caracteriza-se essencialmente
pela falta de recursos humanos e materiais, quer nos hospitais, S. João, Santo
António, Gaia/Espinho, quer nos centros de saúde, originando encerramento de
enfermarias e redução forçada dos horários de atendimento o que provoca aumento
das listas de espera para cirurgias, consultas, exames de diagnóstico e outros,
colocando vários serviços muito próximo da rutura e obrigando-os a atuar em
regime de serviços mínimos e recorrendo ao trabalho precário.
Acresce
o facto de muitos profissionais médicos, enfermeiros, assistentes técnicos,
operacionais e superiores, pedirem a reforma antecipada e até emigrarem por
falta de condições de trabalho e remuneração condigna.
No
distrito existem cerca de 200 mil utentes sem médico de família e também
extensões sem médico no ativo ou em vias disso, exemplos de Vila Nova de Gaia
(em Afurada e Mafamude), Felgueiras, Marco de Canaveses (em Soalhães),
Baião (em Ribadouro e Mesquinhara) e o próprio centro de saúde de Campêlo em vias
de privatização, mas há também extensões só com um médico casos de Amarante (em
Vila Caiz) e Baião (em Teixeira, Gestaçô e Eiriz), resultando que, em tempo de férias
dos profissionais, não há substituições e os utentes ficam de facto sem médico
nesse período.
A
desorçamentação na área da saúde provoca aumento das listas de espera em
cirurgias e consultas, mas também falta de novos medicamentos, nomeadamente nas
patologias do fígado, cancro, diabetes, e para aquisição de material clínico
nos hospitais, causando limitação na prescrição em ambulatório, nos exames de
diagnóstico e em tratamentos, para além da carência de transportes de serviço.
Com
estes constrangimentos, as taxas moderadoras e a crise cujos custos se refletem
essencialmente nos economicamente mais débeis, aumenta o número de faltas de
utentes às consultas e tratamentos.
Para
além disto e com a publicação da Portaria 82/2014 que, a pretexto de
reorganizar os hospitais do Distrito, vai desqualificá-los pela perda das especialidades
de Estomatologia, Pedopsiquiatria e Endocrinologia, são os utentes a ficar
prejudicados.
O
panorama, em resumo, é grave e não se prevê que melhore. Basta olhar para o Orçamento
do Estado 2015, indicando mais cortes e desinvestimento na Saúde.