04/11/19

Comunicado da Comissão de Utentes da Linha de Sintra 

(03/11/2019)

Basta de degradação do serviço público de transporte! Mais investimento é urgente!


Durante o mês de outubro de 2019 foram suprimidos cerca de 100 comboios na linha de Sintra, segundo a própria CP citada na imprensa diária. Só entre 16 e 31 de outubro foram cancelados 38 comboios, com particular incidência durante as horas de ponta da manhã e da tarde. Por outro lado e de forma completamente inexplicável, a CP mantém uma
“oferta ajustada de verão” em pleno mês de outubro, que se traduz na redução da oferta no troço Meleças-Rossio a dois serviços no período de hora de ponta e a um fora desse período. Além disso, muitos dos serviços de e para o Rossio circulam com metade das oito composições habituais.

Com a introdução dos novos passes intermodais Navegante Municipal e Metropolitano houve um aumento significativo do número de utilizadores dos transportes públicos. Segundo a AML, até outubro de 2019 foram vendidos 723219 títulos, um acréscimo de 25,5% relativamente ao período homologo de 2018. No caso da Linha de Sintra, o aumento é claramente sentido pelos utentes. No entanto, até ao momento, não houve qualquer reforço da oferta e com as constantes supressões a oferta é na prática menor.

As supressões diárias causam transtornos consideráveis na vida de quem usa o comboio. Atrasos na chegada ao trabalho e à escola, perda de horários de consultas, menos tempo para o lazer, o descanso e a família, uma degradação da qualidade de vida em geral. Por outro lado, as frequentes supressões e atrasos, levam a que muitos comboios
circulem em sobrelotação, gerando condições de stress, insalubridade, desconforto e mal-estar devido ao calor, não sendo raras situações de desmaio de passageiros.

Durante a passada semana, um passageiro não conteve a sua indignação e bloqueou a saída do comboio da estação da Amadora. Recebeu a solidariedade de muitos passageiros, indignados com a falta de respeito diário da CP por quem usa esta linha. Aliás, a degradação do serviço de transporte público ferroviário na Linha de Sintra é notória para os passageiros habituais. E é também um claro desincentivo à
captação de novos utentes, numa época em que os imperativos de sustentabilidade ambiental se impõem e andam na boca de muitos decisores políticos.

É sabido que o problema das supressões decorre da falta de material circulante e dos bloqueios e atrasos na contratação de pessoal especializado para a reparação de composições avariadas. Mas os passageiros merecem transporte digno, seguro, regular e confortável. As autoridades locais e nacionais, para além da CP, devem agir com urgência.

Perguntamos:

- De que forma é que a CP pretende lidar com a atual situação de crise? Que medidas tomará para estancar a escalada de supressões? Como e quando será feito o reforço da oferta, face ao aumento generalizado do número de passageiros?
- Quais os planos do Ministério das Infraestruturas em relação à modernização e renovação da frota de comboios na Linha de Sintra?
- Estão as Câmaras Municipais de Sintra e da Amadora cientes da acelerada deterioração do serviço na Linha de Sintra? Que ações têm desenvolvido junto do governo e da CP para contrariar esta situação?

Visando esclarecer estas questões, a Comissão de Utentes da Linha de Sintra irá solicitar audiência ao Ministério das Infraestruturas e Habitação, à CP – Comboios de Portugal e às Câmaras Municipais de Sintra e Amadora.