30/03/15

MOÇÃO: Sobre a Municipalização dos Serviços Públicos

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MOÇÃO
Considerando que ao longo deste processo, nós os utentes dos Serviços Públicos, aprendemos que sempre que os governantes falam de «descentralização» ou de «desconcentração» o resultado é o inverso: na Saúde a descentralização levou ao agrupamento de Centros de Saúde e à extinção de muitas unidades locais, ao encerramento de maternidades, de valências hospitalares, etc.; na Educação ao agrupamento e Mega agrupamento de escolas e ao aumento de número de alunos por turma; duas situações que exemplificam a política destruidora de Serviços Públicos de proximidade e de qualidade.
Considerando que a Constituição da República Portuguesa no seu Título VIII, sobre o Poder local, define não só o edifício administrativo deste poder, como a sua autonomia e a forma de descentralização política e administrativa, que nos seus quase 39 anos de vigência, os partidos, que à vez, têm governado o País não só nunca quiseram concluir, como, em muitos aspetos, desvirtuaram os princípios constitucionais.
Considerando as reais intenções que veem no pacote da municipalização podem descortinar-se no próprio Decreto-lei n.º 30/2015: alijar responsabilidades e descentralizar para os municípios o ónus dos problemas criados pelas políticas destruidoras prosseguidas com especial ênfase nos últimos anos.
Considerando que a Constituição prevê o acesso universal e geral, em igualdade de condições em todo o território nacional aos Serviços Públicos, e que isso só é possível de garantir com a responsabilidade da Administração Central, com a criação e concretização do Serviço Nacional de Saúde, cuja municipalização poderia conduzir a tantas formas diferentes de prestar este serviço vital, como quantos municípios existem, abrindo portas à sua privatização, pondo em causa a sua qualidade e proximidade; o mesmo se pode aplicar a serviços como: a educação pública, vias de circulação, segurança social e a todos os serviços e bens públicos.
Os utentes, as suas associações e comissões reunidos no 12.º Encontro Nacional em Lisboa, decidem:
1.    Apelar a todos os utentes que condenem e resistam em cada município para que estes não adiram nas condições impostas pelo governo aos projetos-piloto de municipalização dos Serviços Públicos previstos;
2.    Exigir a revogação do decreto-lei 30/2015 e o cumprimento integral da Constituição da República Portuguesa, implementando as regiões administrativas;
3.    Exigir a melhoria da qualidade dos Serviços Públicos numa lógica de qualidade, proximidade e de igualdade de acesso no todo nacional..
12.º Encontro Nacional de Associações e Comissões de Utentes
Lisboa, 21 de Março de 2015